O suicida
Uns olhos que vira
Triste celibatário
Espehos
O menino sem face
Tão somente esperança
Equivoco
Sonhos
Por tantos Caminhos
O Suicida
O gélido impacto da água em sua pele, revelava o quanto aquela noite era fria. Em sua mente, tudo transcorria fugazmente: a água, que hipodémica lhe trazia dor à pele e até
aos ossos, o mergulho do qual não conseguia sair, o momento em que saltou em direção á água...
Estaria afogando seu sonhos? Sim. Mas tudo agora já está feito.Seu ego descia até as profundezas da gélida água, que continuava a amofinar seu espírito. A água que descia à sua garganta, atenuava e mitigava seus nervos ao se apoiar no chão decadente da desistência, os olhos tentavam ver o céu... Como queria ver o céu! Mas não podia.
Sua alma estava mergulhada nas tristezas de sua vida, que o levava àquele destino. Não queria pensar na realidade daquele instante, não tinha tempo! Momentos e tempos de sua vida, se passavam em sua mente, se passavam também prognósticos do efeito que a sua decisão causaria nas pessoas que viviam à sua volta...
Sua alma estava mergulhada nas tristezas de sua vida, que o levava àquele destino. Não queria pensar na realidade daquele instante, não tinha tempo! Momentos e tempos de sua vida, se passavam em sua mente, se passavam também prognósticos do efeito que a sua decisão causaria nas pessoas que viviam à sua volta...
Pensava em se arrepender, mas logo recuava. Decidiu então não pensar em nada,
e concentrar seu intelecto na água fria que ainda lhe incomodava...
Enfim a bonança, não lhe doía mais nada, não lhe afligia mais nada... Somente a água que bebia e a correnteza das águas que lhe levavam pra um lugar incerto e desconhecido...
Não sentia mais nada...
Enfim, não sentia mais nada...
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Uns olhos que vira
Uns olhos que vira
Olhava ela, os pingos de chuva que demasiado confiantes vinham e arrebentavam-se no chão. Isso a fez lembrar dos olhos que vira.
Ela vira uns olhos que mostrava ao longo caminho; não se sabia para onde ia ou donde era; sabe-se só que este caminho atraía seus olhos. Tanto penetrava os seus olhos naqueles, que a escuridão cercou-a deveras.
Vira também uma expressão ao mesmo que tenra, dolorida. Teve ela compaixão.
Vira, que transluzia no rosto, os pulsares de um coração. Transparecia também que estes pulsares eram trépidos e insanos.
Sentiu ela a dor da compaixão e agora da humilhação.
Os olhos que vira, a inquietaram em profundo.
Tais foram os olhos que vira.
Ela viu os olhos de uma mulher no espelho.
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O Menino sem face
Era ele magro, a ponto de linha; usava bermudas largas e grandes
O menino, por mais estranho que pareça, não tinha face, e
também, não tinha nenhum nome -então vamos chamá-lo de "o menino sem
face".
O menino sem face, também não tinha gosto.
Quando estava com João, brincava de bola, quando
estava com Pedro, brincava de pular e
quando estava com Maria, brincava de bonecas.
Seus amigos também gostavam de dança: quando estava com João
dançava frevo, já com Pedro, dançava as cantigas cantadas
por sua mãe, e quando estava com Maria, dançava tango.
Era assim a sua vida, ora dançando tango com Maria, ora pulando com
Pedro.
Mas num dia, o menino se levantou, e foi procurar seus amigos,
mas descobriu, que a porta estava fechada à chave. Que tristeza!
Querendo ver brincarem os seus amigos, atrás do vidro sujo
da porta, ouvia o som de suas danças e brincadeiras.
A melancolia tomou conta do menino sem face, e ele procurou sentar-se
e chorar.
Sentou-se em uma bonita rede do quintal, cheia de cores que
contrastavam aquela cor triste do céu.
O menino sem face, chorou, chorou, chorou e cansou-se de chorar,
quando então resolveu fazer algo...
Foi ao quarto de sua avó, e lá, atrás daquela porta velha de
madeira, encontrou algo muito estranho: um espelho!
O menino ficou assustado, pensativo, então, o menino olhou
para o espelho com alegria de uma criança
que recebe os braços de uma mãe. Ele tocou o espelho, e mais
uma vez, o tocou. Olhava, olhava tanto e chorava -agora de alegria-
pois finalmente, o menino sem face, descobriu algo que iria mudar
a sua vida:
descobriu que tinha um rosto!
Então o menino correu, correu e encontrou uma pipa e começou a
empiná-la, até, até transbordarem-se suas emoções e descobrir que não
gostava de pular, nem de brincar de bola, nem de bonecas... gostava de
soltar pipa!
Descobriu o menino que gostava de ser livre, gostava de ser
ele mesmo...
Afinal, o menino agora tem um rosto!
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